quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Quando caminhas


Gosto quando caminhas para longe. Teu jeito de caminhar te trás para mais perto de mim. Gosto de admirar teus cotovelos desalinhados, brincando de equilibristas. Teus cabelos dando tchau a quem fica pra trás. Pisas no chão com a indiferença de um bicho fazendo nada, mas ainda assim sabes onde vais. Teu caminhar é leve e charmoso, como uma margarida brotando ao sol. Caminhar de balarina ensaiando. Teus braços felizes como uma criança no balanço da praça. Olhas para o chão logo que sais do meu lado, talvez para descobrir qual atalho tomar. Mas tenho que confessar, que gosto quando caminhas pra longe porque sei que na volta será como se estivessemos afastado por um longo tempo.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

poesias a esmo

gostaria
que uma dia
a poesia
que tanto assobia
alegria
parasse a tristeza
virasse a mesa
e pusesse beleza
nas minhas palavras

na correria
a ventania
leva a alegria
e deixa a apatia
vem a poesia
e acaricia
a pele fria 
que queimaria
se o sol do dia
não fosse tão tímido

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Cor-de-rosa e carvão



"Nosso sexo eh cor-de-rosa e carvão, como diria a Marisa Monte. O bico do meu seio (cor-de-rosa) toca o bico do seu peito (carvão) e mesmo com o seu bico se sentindo encabulado com o tamanho do meu, ele sabe que eles foram feitos pra estarem ali, se tocando, como uma mistura de cores que apesar da estranheza só poderia dar certo."

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Queria escrever, desabafar. Mas não sei o que dizer. Há muito em mim e nada faz sentido. Vou deixar um violão, uma bela voz e uma linda letra falarem algo. Não sei se é bem o que eu queria dizer agora. Mas eu gostaria de ter feito essa música em algum momento da minha vida.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Plural

Sendo um, sou plural.
Minhas várias metades
formam o meu todo,
mas ainda assim
sou incompleto.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Despedida

Venho por meio desta despedir-me, dar o adeus final.

Venho por meio desta agradecer aos sorrisos da multidão e à imensidão do mundo. Ao ocaso ao acaso e ao brilho incessante da lua cheia.

Venho por meio desta agradecer aos poetas e suas palavras. Ao som incessante da música do rádio.

Agradeço também à poeira dos livros, à fotografia descolorida e seu cheiro de passado. Ao cigarro fumado pela metade e ao vinho que manchou o sofá de sangue.

Venho por meio desta agradecer às minhas cara-metades, que tanto ajudaram a formar o meu inteiro.

Declaro que sempre amei viver, e vivi amando cada fatia de ar que meus pulmões tragaram.

Mas agora é hora de partir, afinal de contas, a vida já não é mais a mesma depois de ti e nos abismos do teu corpo vou me jogar.

Turbulência


a convivência comigo mesmo
é como um avião em rota
não tem buracos
mas trepida com a turbulência
é apertar o cinto
fechar os olhos
e aguardar o pouso

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Palavras no bolso

A palavra no bolso
ainda não lida
segredo de papel amassado

A palavra no bolso
ainda não dita
tímida de nascença

A palavra no bolso
caligrafia calada

A palavra no bolso
quando encontrada
grita aos meus olhos
e ilumina minha madrugada

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Palavras


Queria ser tão bom com as palavras quanto elas são para mim.