O metrô é democrático: pretos, brancos, pardos e amarelos. Crianças, adultos, novos, idosos e aqueles sem idade aparente.
É a democracia sem voz. Exceto por aquelas duas, ninguém fala. Uns dormem, outros cochilam, alguns as duas coisas.
E o que torna aquele senhor de cabelos brancos tão familiar? A mesma estação destino ou o olhar melancólico que não vê nada?
A moça morena de óculos grandes lê desinteressada o seu jornal.
O senhor de chapéu descansa o corpo ficando de pé.
Qual a sua leitura? Jornal, revista, quadrinhos ou o tempo que corre lá fora? Política ou zodíaco? Esporte ou obituário?
Pelas janelas as árvores passam sem abanar.
E aquela loira de farda militar? Sem batom ou pintura no rosto. Todo o charme no cabelo e no jeito de mascar o chiclete. Talvez o coturno esconda um pé delicado.
Os fones de ouvido criam diferentes mundos nesse pequeno vagão. iPods me mordam. Será que algum deles tem carnaval?
O metrô chora as lágrimas da chuva. Troca o dia pela noite entrando e saindo do subterrâneo. Rompe o branco dos flocos de neve sem piedade da beleza que eles trazem. Desafia o vento gelado com seu corpo metálico.
Troca de estação, mas a música é sempre a mesma: o tirintar dos rodas metálicas. Gospe e engole passageiros.
E aquelas que vêem poesia pelos trilhos devem pensar: uma pena a viagem ser tão curta...
2 comentários:
Welcome ;)
Q vc nos presenteie com muitos rabiscos!
Pela nova ortografia, a estreia é como uma ideia, ambas não tem acento agudo ;)
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