quarta-feira, 18 de março de 2009

Metrô

O metrô é democrático: pretos, brancos, pardos e amarelos. Crianças, adultos, novos, idosos e aqueles sem idade aparente.

É a democracia sem voz. Exceto por aquelas duas, ninguém fala. Uns dormem, outros cochilam, alguns as duas coisas.

E o que torna aquele senhor de cabelos brancos tão familiar? A mesma estação destino ou o olhar melancólico que não vê nada?

A moça morena de óculos grandes lê desinteressada o seu jornal.

O senhor de chapéu descansa o corpo ficando de pé.

Qual a sua leitura? Jornal, revista, quadrinhos ou o tempo que corre lá fora? Política ou zodíaco? Esporte ou obituário?

Pelas janelas as árvores passam sem abanar.

E aquela loira de farda militar? Sem batom ou pintura no rosto. Todo o charme no cabelo e no jeito de mascar o chiclete. Talvez o coturno esconda um pé delicado.

Os fones de ouvido criam diferentes mundos nesse pequeno vagão. iPods me mordam. Será que algum deles tem carnaval?

O metrô chora as lágrimas da chuva. Troca o dia pela noite entrando e saindo do subterrâneo. Rompe o branco dos flocos de neve sem piedade da beleza que eles trazem. Desafia o vento gelado com seu corpo metálico.

Troca de estação, mas a música é sempre a mesma: o tirintar dos rodas metálicas. Gospe e engole passageiros.

E aquelas que vêem poesia pelos trilhos devem pensar: uma pena a viagem ser tão curta...

2 comentários:

Marilu disse...

Welcome ;)
Q vc nos presenteie com muitos rabiscos!

Marilu disse...

Pela nova ortografia, a estreia é como uma ideia, ambas não tem acento agudo ;)