terça-feira, 22 de junho de 2010

Caligrafia

De caneta em punho, escrevi o poema. Transcrito para o teclado, perdeu sentido. No teclado não há caligrafia, nem rabiscos, nem idéias. A impessoalidade tecnológica.

Escrever poesias á a fuga da minha prórpia crônica. Sem ironias, apenas fantasias. Sem pudor, mas com amor.

Se soubesse escrever, não teria de encontrar tempo entre todas as outras coisas que preciso fazer. É passatempo que não passa, futuro encontrando o passado, suor nas mãos no computador gelado.

Se soubesse escrever, minha caligrafia seria outra, menos mundana, menos direta. Metáforas e outras figuras figurariam nas minhas palavras, alma e coração.

Se soubesse escrever, o papel seria o objeto.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Peoma da diversidade

Tuas lágrimas
   tem o gosto da saudade
Tua boca
  o ardor da vontade

Teus cabelos
  o mapa da felicidade.

Meus versos
  a fuga da adversidade
Meu coração
  a paixão por tua serenidade
Meus posts
  minha declaração de sensibilidade

quarta-feira, 16 de junho de 2010

No perfume da flor


No perfume da flor o passado encontra o presente.
No colorido da flor o tempo fica imóvel.
Nos bits da imagem, sentimentos mudos.
Nos bits da imagem, a amor em forma de flor.
 
Na falta de um buquê, um post e uma poesia

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Fuso horário

Enquanto dormes,
    Entardeço
A saudade não faz
    horário de verão.

Enquanto almoças,
    Amanheço
Fuso horário
    do coração.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Renascimento

Me reinvento
     a cada rima perdida

Me recrio
    a cada verso não feito

Envelheço
   a cada aniversário não comemorado


Renasço
   a cada gozo contigo

terça-feira, 6 de abril de 2010

A idade da paixão

Minha paixão espera pelo retorno aos teus braços como um bebê que espera pelo seio da mãe.


Minha paixão espera pelo retorno ao teu sorriso como uma criança espera pela férias escolares.

Minha paixão espera pelo retorno ao teu gozo como um adolescente descobrindo seu próprio gozo.

Minha paixão espera pelo nosso reencontro como o mar diariamente espera pelo por do Sol.

(foto by Na)

quarta-feira, 31 de março de 2010

Assunto recorrente

Em salas de espero vejo o tempo passar. Por entre pessoas e poltronas vazias aguardo a hora do embarque. A vida parece ser uma grande espera e, enquanto a hora não chega, as palavras borbulham em pensamento, o tempo deixa suas marcas e as televisões falam para ninguém.

A cadeira vira o descanso pra alma, a mala o travesseiro dos pés. O microfone a voz tão esperada.

Ouvir assuntos alheios, ler jornais com o canto dos olhos. Desfocar da própria leitura pela passagem de alguém. A impiedosa espera age como um relógio de ponteiros quase sem bateria: faz o tempo passar mais devagar. E quanto mais devagar ele passa, mais marcas ele deixa.

Por causa de tanta espera decidi pelos sapatos sem cadarços , a liberdade chega mais rápido com eles.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Desconexo

A imagem do espelho não é familiar. Os olhos vermelhos, as rugas cansadas, a barba mal feita.

Será que o passado foi esquecido para que o futuro possa acontecer? Talvez daí venha a dificuldade em reconhecer a figura do espelho. Cada um dos meus vários eus deixados pra trás, eles já não ajudam mais a lembrar quem sou.

Cada escolha limita o que não foi escolhido. E os fatos de cada uma já foram esquecidos para que elas não se justifiquem. As escolhas também não ajudam a lembrar de mim mesmo.

As fotografias velhas cheiram a novidade. Ao invés de lembrar o passado, trazem a perspectiva de um novo futuro.

E eu, assim como essas palavas, me apresento desconexo.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Declaração

Escrevo pela ponta dos dedos
Te amo pela ponta dos teus cabelos
Assobio pelo canto da boca
Te amo pelo canto dos teus olhos.

Sinto pelo amargo da língua
Te amo pelo gosto da tua
Vejo pela tez dos olhos
Te amo pelo sorriso dos teus

Aspiro pelos poros da face
Te amo pelo teu cheiro de gente
Me declaro sem pudor porque
Te amo por todos meus sentidos

segunda-feira, 8 de março de 2010

Plantando uma semente

Lembro daquele dia. Eu já estava por lá, tentando entender melhor aqueles que me cercavam. Entraste sorrindo, pela boca e pelos olhos. Espavitada, tirava as botas dos pés. Teus óculos logo espalharam charme pela sala pequena e cheia de gente.

A cozinha era também pequena, mas foi suficiente para nossos sonhos, eles são simples. Foi suficiente para nossa simplicidade. Nela comparilhamos idéias, pensamentos e o cheiro da comida que preparamos. Compartilhamos também tua cerveja preferida. Me honraste com tal confiança logo no primeiro encontro, ainda que ele fosse um encontro casual.

Sentamos lado a lado, comemos e conversamos. Demos risadas e prestamos atenção na vida que nos cercava. Em determinado momento, tiraste fotos dos nossos pés. Com esse ato, mesmo que sem a menor intenção, acabaste plantando uma semente.

terça-feira, 2 de março de 2010

Te ofereço minha simplicidade

Que posso eu te oferecer?
Presentes a cada data querida?
Lembranças a cada chegada?
Rosas a cada partida?

Que posso eu te oferecer?
Calor na noite fria?
Remédio na tua doença?
Sorrisos na apatia?

Que posso eu te oferecer?
Talvez um pouco de tudo a cada espera
 Junto com minha alegria sincera.

Que posso eu te oferecer
Além do companheirismo da minha simplidade junto a tua?

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Beijos e mordidas...

Beijos e mordidas,
e as costas oferecidas
aos prazeres da boca.

Beijos e mordidas,
e as mãos atrevidas
nessa delícia que não é pouca.

Beijos e mordidas,
e várias lambidas,
nessa sofreguidão rouca.

Beijos e mordidas,
feras adormecidas
pelo gozada louca.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Poema da exclusividade

Queria ser exclusivo!
Fotografo, escrevo,
Toco e canto.
Nada faço direito.
A falta de exclusividade
desvirtua a perfeição.

A única paixão exclusiva,
quem diria,
tem sobrenome de escritório de advocacia.

Frio


Frio é aconchego,
Frio é o branco das montanhas, café quente na caneca,
Frio é cobertor de orelha,
É a sensualidade do cachecol esvoaçante, das meia-calças grossas.

Frio é vinho,
Frio é meia colorida no pé, luvas impedindo a mão de sentir,
Frio é banho fervendo,
É o calor da alma aquecendo dois corpos.

Frio é comida no forno,
Frio é namoro no sofá, pipoca e mão no seio,
Frio é gozo sem suor.